As expressões psicossomáticas intrigam pela inaprensibilidade das causas orgânicas que as produzem. Ainda que o reconhecimento de sua importância seja uma marca do mundo contemporâneo, desde o século XIX, o Dr. Freud já verificava em seus pacientes, como frases inconscientes podiam converter-se em sintomas do corpo.
Juntamente com um acompanhamento médico adequado, resultados surpreendentes têm sido alcançados, evitando os efeitos colaterais de tratamentos químicos pesados ou intervenções cirúrgicas mais radicais, bem como os inconvenientes da dependência medicamentosa no controle de sintomas.
Há muitas doenças que se manifestam sem aparente explicação para sua causa orgânica. Entretanto, a experiência da psicanálise demonstra ser possível o aparecimento de um sintoma expresso no corpo, quando, por ação de uma forte pressão psíquica inconsciente, algo deixa de ser feito ou falado, podendo acarretar, entre outros, transtornos alimentares, disfunções hormonais, problemas de pressão, doenças autoimunes, problemas de pele, do sistema respiratório, dores e mal-estares sem origem aparente.
Da mesma forma que situações estressantes podem pela via psíquica sensibilizar determinado órgão ou região do corpo, certamente os sintomas por elas desencadeados também serão tratáveis psiquicamente, ou seja, pela via da palavra, visto que as condições causadoras de estresse estão mais relacionadas a como cada pessoa consegue reagir à situação do que à situação em si.
Pensando em oferecer um tratamento para estes males, nossa clínica reúne um grupo de psicanalistas que desenvolve a invenção freudiana em concordância com as atualizações propostas pelo Dr. Jacques Lacan, de forma a desenvolver na cidade, um espaço diferenciado de atenção às palavras não ditas.
Para a Psiquiatria evolutiva, as raízes da ansiedade encontram-se nas reações de defesa dos animais em face a estímulos que representam perigo/ameaça à sobrevivência, ao bem-estar ou à integridade física das diferentes espécies. Essa perspectiva caracteriza o mal lado a lado com reações instintuais ou fisiológicas, delegando papel menor à formação significante das ideias relacionadas à ansiedade, e apesar de criticada por esse motivo, ainda é uma ideia de forte razão e aceitação.
Para que um médico diagnostique o transtorno de ansiedade generalizada, a pessoa precisa sentir uma preocupação ou ansiedade que
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É excessiva
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Diz respeito a diversas atividades e eventos
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Está presente mais dias do que o contrário durante seis meses ou mais
Além disso, a pessoa precisa apresentar três ou mais dos sintomas a seguir:
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Agitação ou uma sensação de tensão ou nervosismo
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Tendência a cansar-se facilmente
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Dificuldade de concentração
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Irritabilidade
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Tensão muscular
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Distúrbio do sono
Os tratamentos
Diante da incerteza sobre a conformação orgânica da ansiedade, consegue-se apontar alguma influência de fatores ambientais e genéticos, e medicamentos como benzodiazepínicos e antidepressivos são prescritos para induzir um efeito calmante ou melhorar o humor, mas devem ser administrados com cautela, especialmente pelos riscos de tolerância, dependência e abstinência.
Na terapia cognitivo comportamental, ainda que não haja um consenso sobre as técnicas a serem empregadas na intervenção, há uma tendência dominante por se buscar extinguir os sintomas fisiológicos alterados resultantes do estado de ansiedade, e ensinar ao paciente novas habilidades comportamentais que o capacitem a realizar fuga ou esquiva das situações ansiogênicas. Há muitas outras propostas menos utilizadas, incluindo alterar o ambiente para que o paciente não precise entrar em contato constante com o elemento que lhe causa angústia. Independentemente de qual seja a estratégia empregada pelo terapeuta, trata-se de uma aposta válida na tentativa de trazer alguma paz para o paciente, uma vez que preza por uma intervenção mais simplificada e rápida.
Entretanto, é no campo daquilo que estaria fora do alcance das outras terapias que o desvendamento do inconsciente mostra-se um caminho valioso: uma situação na qual uma abordagem comportamental não alcance resultados satisfatórios não deve ser entendida como mera incapacidade do profissional que a desenvolveu, visto que, se há uma questão inconsciente a ser tratada, o paciente sequer terá o poder de descrever corretamente aquilo que lhe aflige, fazendo com que seja impossível que o terapeuta possa oferecer um programa adequado para seu caso.
A psicanálise nos ensina que, ao contrário do que o entendimento popular crê, um verdadeiro trauma não permanece acessível à memória sob a forma de um fato marcante. Isso porque a vivência traumática só se concretiza caso seja estruturada por dois momentos: um primeiro evento, que encontra-se reprimido no pensamento presente, e por isso, não se apresenta disponível como recordação; e um segundo evento que é interpretado pelo paciente como possuidor de um significado correlato ao primeiro, e que tanto oferece um novo significado, quanto instala a repressão sobre ele. Dessa forma, o segundo momento do complexo traumático torna-se uma situação considerada marcante para o indivíduo, sem, no entanto, carregar em si todo o conteúdo significante e perturbador do primeiro momento. Tal conformação produz no paciente uma ansiedade que é decorrente de sua impotência em descrever corretamente de que se trata seu mal-estar, ao mesmo tempo que esse pensamento reprimido possui tão elevada importância, que repetidamente busca conectar-se em sentido com os eventos cotidianos.